Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Para o Verão que aí vem o Arenae Malvasia de Colares é um branquinho que assenta na boca como um sopro salgado de maçãs e maresia.
Os vinhos de Colares são dois: o branco, da casta Malvasia de Colares, e o tinto, da casta Ramisco. Ambos são raros, únicos, imprevisíveis e maravilhosos.
É bom partilhar um clima com um vinho. O aquecimento global é uma certeza científica (e enológica) mas cada ano, cada mês é diferente. São muito poucas as uvas Malvasia de Colares e Ramisco. Duas horas chegam para ver todas as vinhas. As vinhas são interessantíssimas. Mesmo quem nunca tenha provado um vinho de Colares há-de deliciar-se com as dificuldades imensas de cultivar as uvas. É emocionante ver como as vinhas resistiram historicamente à filoxera. Mas mais emocionante ainda é ver o que é preciso fazer para ajudá-las a sobreviver aos próprios elementos que lhe dão personalidade.
Uma das razões que me levou a vir viver para Colares foi estar apaixonado pelos vinhos que aqui se fazem. São vinhos que, quanto mais se conhecem, mais se admiram.
O Colares Malvasia é há muitos anos o meu branco português favorito. Cada colheita pode ser um milagre mas, para os apreciadores que se habituaram à magia dele, é reconfortante que consiga manter-se delicioso. É um vinho romântico que não só permite devaneios (o mar, o sal, o vento, as neblinas, a areia, as maçãs reinetas, o sol, as canas, o céu) como os encoraja.
Miguel Esteves Cardoso, in Publico Life and Style