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Ia bebê-lo em Sintra, acompanhado do meu travesseirinho mas, no fim do IC19, deu-me para seguir os trilhos das praias.
Fui até próximo da Ericeira e lembrei-me de ir até às Azenhas do Mar, voltei para trás e, para azar meu, já quase meio-dia, entrei no Pôr do Sol, desta terra linda, e disse: “é já aqui”!
Com a anuência da minha mulher, perguntei, a uma moça, se me serviam dois cafés, pois era quase hora de almoço, mas eu tinha um compromisso e não poderia almoçar lá. Disseram-me que sim e apontou-nos uma mesa redonda, à entrada da porta, do lado direito. Ao entrar estava um casal a almoçar, se calhar, gente da casa.
A moça lá serviu os cafés e eu fiquei logo a dizer mal da vida, pois os cafés não prestavam para nada. Enquanto esperava o café, combinava com a minha mulher ir lá almoçar um dia destes. Mas apesar dos cafés nos desiludirem, fui compensado com um cinzeiro de pau-preto que estava sobre a mesa e que dizia em seu redor – Moçambique. Esta palavra despoletou-me os pensamentos para as costas do Índico e esqueci-me do café.
Mas quando eu bebo um café reles, fico logo com o dia estragado e mais estragado ficou quando vou pagar dois cafés que não valem nada e a moça me pede 2,20€! Claro que ninguém me mandou lá ir e se à primeira qualquer pato cai, à segunda só cai o pato que quer. Se os cafés fossem bons eu pagaria de bom grado, mas assim custou-me bem.
Resultado desta conversa. Nunca mais lá haverá almoço para mim! Não era por acaso, apesar de ser ainda cedo, que o Pôr de Sol estava vazio. Se os almoços forem como os cafés, estará tudo dito.
Mas eu sou sempre compensado e este amigo logo veio ter comigo junto às flores e disse-me que o melhor que tinha a fazer, era apreciá-lo a ele e à paisagem e foi o que fiz.
Foi exactamente aqui neste trilho do eléctrico, talvez já com uns carris novos, que eu encontrei uma das minhas Rosas perdidas. Foi em 1962. Desde esse dia nunca mais a vi!
Ia a passar com um tio meu e um amigo e reparei numa Rosa de Adrão que passava sobre o Carril do eléctrico. Disse ao meu tio que ia ali uma moça de Adrão. Ele parou o carro e disse-me para ir falar com ela. Como eu sabia que ele ia com alguma pressa, disse-lhe que não, que ficaria para uma próxima oportunidade. Ele disse-me que essa oportunidade poderia nunca mais existir e que a aproveitasse nesse dia. Verdade, verdadinha, essa oportunidade nunca mais se deu! Veio a Força Aérea, veio a Guerra, no Ultramar, e desapareceu o tempo. O tempo que então sobrava! Eu sabia que ela morava com os pais e uma irmã, em Colares, mas não sabia onde e como Colares era uma terra pequena, a oportunidade existiria, pensei, mas enganei-me. Hoje estive lá e acho que se fosse chorão, teria chorado por não aproveitar essa oportunidade. Soube mais tarde que essa Rosa foi Professora, (será?) por aí, algures, e até lá por Braga, mas nunca mais a vi!