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Depois, picando com o garfo uma azeitona:- Pois é verdade, meu querido Gonçalo, lá estive nessa grande Capital, depois um dia em Sintra...O Mateus entreabriu a porta para recordar a S. Ex-a o amanuense do Governo Civil, que esperava.
— Pois que espere! — gritou S. Ex-a.Gonçalo lembrou que talvez o digno homem se impacientasse, com fome...
— Pois que almoce! — gritou S. Ex-a.Aquele seco desprezo de André pelo pobre empregado, esquecido no banco de entrada, com a sua pasta sobre os joelhos constrangia o Fidalgo. E espetando também uma azeitona:- Dizias então, Sintra...
— Sem sabor — resumiu André. — Poeirada horrenda, femeaço medíocre... E já meesquecia. Sabes quem lá encontrei, na estrada de Colares? O Castanheiro, o nosso Castanheiro, o dos ANAIS, de chapéu alto. Ergueu logo os braços ao céu, desolado: «E então esse Gonçalo Mendes Ramires não me manda o romance?» Parece que o primeironúmero da revista sai em Dezembro, e ele precisa o original em começos de Outubro... Lá me suplicou que te sacudisse, que te recordasse a glória dos Ramires. E tu deviasacabar a novela... Até convém que, antes de entrares na Câmara, apareça um trabalho teu, um trabalho sério, de erudição forte, bem português...
A Ilustre Casa de Ramires
de
Eça de Queirós