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Boa tarde, venho em nome dos moradores da aldeia do Penedo em Colares, pedir a investigação e divulgação do caso insólito que os moradores desta aldeia estão sujeitos há um mês, pois no dia 22/01/2014 foi detectado que o muro da Quinta de Cima com cerca de 6mts de altura e 100mts de comprimento propriedade da IMAVED (empresa detida pela familia Vale e Azevedo) está a colapsar conforme podem observar em fotos a esta mensagem anexadas.
A verdade é que desde essa data a estrada foi fechada a veículos, mas os moradores têm que continuar a percorrer esta estrada visto que a mesma é o único acesso pedonal à aldeia. Os carros têm que efectuar um desvio de cerca de 7 km para poderem ter acesso à aldeia.
No limite da paciência, os moradores decidiram fazer um abaixo assinado com mais de 150 assinaturas que vai ser entregue na próxima terça-feira ao Sr. Presidente da Câmara municipal de Sintra.
Venho pedir a colaboração dos senhores jornalistas de modo a investigarem e divulgarem este grave problema até agora sem solução.
Para esclarecimentos de dúvidas que possam surgir por favor contactem:
965726674
Atenciosamente
O representante dos moradores da Aldeia do Penedo
José Pereira
Traga Tenis e lanterna.
Noite das Bruxas...
“Durante duas noites o Penedo contará com uma explosão de sabores oriundos dos países Alemanha, Áustria e França e terá dois concertos de altíssimo nível.
A primeira será celebrada às 20 horas com um espumante (Conde de Vimioso) de boas vindas à entrada da TUNA. Depois poderá desfrutar de uma prova de mostardas e vinagres da Áustria na Mercearia da Aldeia.
Por volta das 20.30 horas terá início o jantar no Restaurante Refúgio do Ciclista, sob a direcção do chef Bernhard Pfister (Hotel Estoril Palácio) com o seguinte cardápio: Terrine de Javali, Chévre e um bouquet de salada. Especialidades de grelhados variados (salsichas produzidas pelo melhor salsicheiro alemão em Portugal do Hotel Vila Vita, Algarve) com uma trilogia de mostardas, salada de batata, salada de couve branca, salada de beterraba
e salada verde. Apfelstrudel com molho de baunilha e uma aguardente de damasco. O jantar será acompanhado pelos vinhos Conde de Vimioso (branco, tinto e rosé).
Após o jantar, não deixe de beber uma bica no café e prepare-se para assistir a um fulminante concerto de jazz (na TUNA), por volta das 22 horas, em que Mário Laginha (piano) convida André Fernandes (Guitarra eléctrica), Demian Caboud (Contrabaixo) e Marcos Cavaleiro (Bateria). O preço completo (jantar, café e concerto) é de 45 Euros/pessoa.
Para além dos bilhetes completos ainda temos 40 bilhetes só para o concerto ao preço de 22,50 Euros. Os bilhetes só para o concerto deverão ser comprados no Café Refúgio do Ciclista, Penedo.
Após uma noite de grelhados e jazz, espera-nos na segunda noite (por volta das 20 horas) um jantar buffet sob a direcção do chef Bernhard Pfister (Hotel Estoril Palácio), seguido de um concerto em que Mário Laginha convida Pedro Burmester. Este segundo concerto, de tom mais clássico, será antecedido de um buffet inspirado nos países Alemanha, Áustria e França (países de grandes compositores, cujas músicas iremos ouvir). Entradas: Vichyssoise/ Arenques marinados/ Variedade de charcutaria. Pratos principais: Coq ao Vin/Gulasch/Maultaschen. Acompanhamentos variados. Trilogia de Sobremesas: Tarte de Linz (Linzer Torte), Tarte de chocolate, natas e ginga (Schwarzwälder Kirschtorte), Mousse au Chocolat e uma aguardente de damasco. O jantar será acompanhado com vinhos Marquês de Borba (branco e tinto).
Mas antes convidamo-lo para uma prova de mostardas e vinagres oriundas da Áustria e depois do jantar poderá tomar uma bica no café Refúgio do Ciclista.
Prepare-se para a música que se seguirá… O preço completo (jantar, café e concerto) é de 45 Euros/pessoa.”
(...)
No entanto, todos os Verões, sempre passados na “casa dos cestos” do Penedo (no tempo em que o Penedo não sonhava que um dia iria ser moda…), estremecia essa minha convicção sobre o jornalismo. Ocorria geralmente entre Julho e Agosto, e a dúvida tinha associada dois sons: a sirene dos Bombeiros Voluntários de Colares e o eco dos passos do Chico correndo ladeira abaixo a meio da noite. Eu acordava com o som da sirene, 3 vezes, ouvia os passos apressados do nosso vizinho, e sabia o resto: era fogo.
Fogo na Serra de Sintra era obra para gente brava – não apenas bombeiros, como o Chico, mas todos os que se sentiam capazes de enfrentar o inimigo comum. Com ramos de árvores, à pá, com baldes de água, como fosse.
(...)
Pior (ou melhor): o Chico e outros Chicos que corriam ladeira abaixo e acima para enfrentar o fogo na Serra, eram os mesmos que dedicavam, em cada ano, um dia das suas vidas correndo à frente de um touro. Levavam marradas e riam. Iam parar ao hospital e riam. Ficavam meios apanhados da cabeça, e por isso riam. A “Festa do Boi” – em rigor, “Festa em Honra do Divino Espírito Santo” – tinha o dia fatal da sua “fama” quando um pesado mastodonte era “lidado” à corda pelas ruas do Penedo e acabava cozinhado num caldeirão que servia os pobres da região em modo “jardineira”. Eu não gostava de ver o sangue do boi correr pelas bermas das ruas do Penedo, nem gostava da ideia do animal ser bombo da festa – mas quem corria à frente dele, quem lhe gritava “olá” e fazia rajadas de palavrões (sempre um ponto a favor, para nós, os putos…), eram justamente os mesmos que, nas horas difíceis, lá estavam à frente do fogo. E não me custou a perceber que tudo fazia parte de um mesmo pacote.
Há anos que a festa não se faz - nem a correspondente polémica sobre a sua legalidade -, mas o que fica na memória são aquelas caras alucinadas, loucas, fortes, que eram exactamente as mesmas que encaravam o fogo de frente, ou que se lançavam na estrada nas insuportáveis XF-17 para as bebedeiras descomunais nos bailes de Verão.
Ainda hoje não sei. Mas sei que quando a palavra “Bravo” me aparece à frente, é deles que me lembro: do Chico, do Sacristão, do Totobola, dos Gémeos, do V5, e de mais uns tantos cujas alcunhas agora me escapam. Os bravos lá do Penedo, quando o Penedo era pouco mais do que uma aldeia de bravos com um coreto no meio.
Ontem foi dia de romagem de saudade. Com duas amigas revisitei o lugar onde tive casa de férias cerca de 40 anos, terra pequena, entre serra e mar, paisagem a perder de vista, bons ares. Igrejinha lá no alto, chafariz antigo, casas com janelas debruadas a cantaria, portões com aldraba, paredes caiadas onde a luz bate excessiva, burros subindo e descendo a ladeira da serra, pequenos muros de pedras sobrepostas a separar as leiras, enfim, uma espécie de santuário a meia hora de Lisboa.
Os filhos cresceram por ali, sem grandes cuidados.
Nesta visita, passei à porta da casa que outrora fora abrigo da família e, espanto dos espantos:em obras, desapareceram as janelas à antiga portuguesa para darem lugar a uma espécie de vidros duplos com alumínio alvo de neve , mais acima, onde uns enormes pedregulhos foram assento nosso para ver o mar, está agora um portão verde e uma cerca também verde a esconder o terreno baldio a que uns americanos chamaram deles!
Noutro caminho , entre casas antigas e hortas e canteiros ergue-se um casarão cinzento, tipo caixote, a destoar de tudo quanto o cerca. Disseram-me que era obra do arquitecto Graça Dias.
Desci a serra em direcção à praia e aí não houve Graça Dias que mexesse naquele mar ora bravio ora sereno, ondas alterosas hoje , bandeira verde amanhã.
Respirei fundo.
Um autêntico quadro escrito do Penedo de Maria João Rolo Duarte