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Está a fazer 18 anos em que me deram a certeza que ia actuar com a Banda de Colares.
Na altura, o Sr. Ramos disse-me a mim ao Rui Oliveira e ao Luís (Bartolomeu). Dois ou três dias depois estava no alfaiate a tirar as medidas para a farda.
Dia 15 de Agosto de 1988, lá nos estreámos os três, na festa da Sra. da Assunção, que na altura era enorme, com uma imensidão de gente por todo o lado.
Para ser sincero não toquei quase nada. A banda arrancou da sua sede, a tocar o "Hélico em Paris" mas o bocal do bombardino fugia com os passos. E além disso tinha que tentar ouvir a caixa para manter o passo certo. ;)
Tinha entrado para a banda uns bons meses antes. Fiz o solfejo rápido, que é a parte mais ciêntifica e na qual eu me sinto bem, demorei mais tempo na execução, que é a parte mais artística e na qual não estou tão à vontade. Quando se entra para a banda começa por se aprender o solfejo, que é a arte (ou ciência) de saber ler escrita musical, depois quando já se sabe minimamente solfejo começa-se a executar um instrumento. Na altura queria tocar trompete, como quase todos, mas o Sr. Domingos e o Fernando lá me convenceram que o melhor era o bombardino. E de facto é dos mais belos e independentes instrumentos duma banda filarmónica.
Depois, quando se consegue executar minimamente o instrumento juntamo-nos então aos ensaios da banda - que na gíria se chama passar à estante. Nesse tempo, a prova para passar à estante era conseguir tocar o Hélico em Paris completo, o que pode ser simples num trombone ou num clarinete, mas não o é no bombardino devido aos complexos contra-cantos característicos destes instrumentos.
No primeiro ensaio também não toquei nada. É que a velocidade a que ensaiavamos nas lições era 3 ou 4 vezes mais lenta do que a real. Eu só consegui olhar para os dedos do Fernando e do Moreira e pensar: Estou lixado.
Depois com o tempo lá fomos ensaiando as outras peças: Campos verdes, Fim-de-Festa, Britânicos, Pérola 59, Hootenine, O Mercado Persa, Lena, Vamos à Romaria, Os Pop Show e muitas outras..
E finalmente a 15 de Agosto, para orgulho de pais e essencialmente avó, saí.
Passados 18 anos ainda lá ando. Apesar das dificuldades de tempo e disponibilidade com que nos deparamos no nosso dia-a-dia e com a panoplia de divertimentos e actividades alternativas. Tocar música é um escape e um meio de manter as nossas organizações centenárias vivas.