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http://colares.blogs.sapo.pt/63208.html
A história serviu de mote ao blogger PFGFR para motivar a claque do Varzim, a Brigata Alvi-Negra. O texto não é preciso - fala em dez homens - mas é interessante como a história chegou lá ao Norte. Ah! E fala do Castelo
Ide, que mil ides!
A propósito de uma semi-polémica que para aí anda sobre quantos elementos a Brigata conseguirá levar a Vila do Conde no domingo, recordo uma das lendas dos tempos heróicos da Reconquista que se contam no nosso Portugal: diz essa lenda que um grupo de 10 cavaleiros cristãos se aprestava para conquistar um castelo aos mouros, quando viu que, afinal, o castelo estava bem reforçado. Durante a noite que antecedeu a batalha, Nossa Senhora apareceu ao comandante dos cristãos e disse-lhe: "Não temais! Ide dez, que mil ides!" E assim foi: com crer, valentia e garra os cristãos sovaram os islâmicos, reconquistando assim mais uma porção do nosso território. Para assinalar o acontecimento, erigiu-se no local da aparição uma capela a Nossa Senhora, hoje conhecida por Igreja de Milides, que se situa em Colares (Sintra). Duas ilações a tirar desta história: 1) A fé move montanhas; 2) Não nos interessa se vão 100 ou 500 com a Brigata. Se forem 20 ou 30 com garra e fervor já será uma bela companha! VIVA O VARZIM!
E não é que o Varzim veio ganhar ao Benfica??
Como a princesa foy partida de Santarem, logo a raynha se partio pera o Moesteyro das Vertudes e dahi pera Alanquer, onde el-rey veo ter com ella e ambos se foram ao Moesteyro de Varatojo onde por devaçam estiveram alguns dias, e dahi foram ao lugar de Colares junto de Sintra, donde el-rey mandou fazer o apousentamento em Lixboa da corte pera se yr lá. E no mes d' Outubro se vieram aa cidade pera nella tirarem o burel que aynda todos traziam. E sem recebimento algum pola Mouraria foram decer e fazer oraçam ao Moesteyro de Nossa Senhora da Graça, e aas portas da cidade junto com Sancto Andre por onde entraram estavão todos os regedores, e oficiaes dela, e os fidalgos e cidadões todos a pee vistidos de burel e com as cabeças e rostos cubertos; e per hum lhe foy feyta hũa breve fala de confortos e oferecimentos, cuja reposta de hũa parte e da outra foram muitas lagrimas e saluços sem algũa outra palavra.
E acabadas as oraçoẽs no moesteyro se foram decer aos paços d' alcaceva e acabados d' apousentar a raynha foy logo ver a camara onde parira o principe; e indo ja cortada e trespassada da dor disse: "Filho, aqui nesta casa onde vós nacestes com tanto prazer e contentamento meu, aqui seria muyta rezam que eu morresse e acabasse tam triste e escusada vida, pois fuy tam desaventurada e desditosa raynha que perdi o nome de vossa mãy com que eu era tam bem aventurada; e ainda nam abastou perder-vos a vós, mas da maneira com que vos perdi, e sem de vós nem de mi ficar filho com que algũa ora me podesse confortar"; e com ysto cayo no chão como morta. Foram-no dizer a el-rey que andando tam cheo de payxões e tristezas acudio logo à pressa con remedios e confortos com que a tornou a seus sentidos e lhe pedio muyto que se consolasse.
Garcia de Resende - Vidas e Feitos D'EL-Rey Dom João Segundo - 1533.
Este trecho descreve os dias de Dom João Segundo e a Raínha D. Leonor após a trágica morte do filho Príncipe D. Afonso num acidente de Cavalo em 1491.
De destacar: Colares escrita em 1533 tendo apenas um "l", sempre pensei que se origem se escrevia com Collares e a mudança tinha sido recente.